Assim, pesquisamos um pouco e foi fácil chegar numa escolha final:
Atualmente o 18o. melhor restaurante do mundo no cobiçado ranking da respeitada revista Restaurant teria de fazer parte das nossas próximas aventuras gastronômicas.
Chegamos a pensar em fazer uma reserva para a opção à la carte num dos restaurantes do grupo, por uma questão de custo,
pois imaginamos que os preços seriam parecidos com os do restaurante DOM (7o. no ranking da mesma revista), em
São Paulo (absurdamente caro para nossos padrões). Não foi o caso. No Brasil, infelizmente, o (muito) elevado
custo dos serviços e alimentação, tornou um luxo distante frequentar tais restaurantes. Não que o Astrid y Gaston seja barato, muito longe disto.
Coincidentemente descobrimos que o Astrid y Gaston estaria de casa nova a partir de 31/3, a Casa Moreyra. Muito conveniente, já que viajaríamos para Lima em maio. Foi aí que soubemos do menu degustação "Virú, un viaje por el Perú de hoy" – 29 pratos servidos em aproximadamente 3 horas utilizando ingredientes, técnicas e elementos do oceano Pacífico, deserto,
Altiplano e Amazônia. O número assusta, mas as porções são pequenas e de sabores delicados. O que poderia ser melhor para provar a culinária peruana?
O processo de reserva não foi tão fácil, pois o sítio do restaurante na internet não ajuda. É confuso, simplista demais e ainda por cima não esclarece muito sobre o processo de reserva. Mandamos o e-mail de solicitação de reserva em 22/3 para uma reserva no dia 15/5 e recebemos uma resposta automática dizendo que a partir daí receberíamos um contato personalizado. Nossa ansiedade só terminou dia 03/4 quando recebemos a confirmação da reserva e posteriormente com a solicitação de confirmação com 48 hs. de antecedência.
Chegado o dia fomos ao restaurante com a mais alta das expectativas.
Com nossos nomes já identificados na lista de reserva, fomos
encaminhados para uma área diferente – uma recepção em que nos explicaram como
seria o menu degustação Virú.
Conduzidos a uma varanda interna, com tons claros e sem
detalhes marcantes na decoração. Pareceu-nos que tudo era discreto pra realçar
apenas a comida. Funcionou.
Inicialmente, foi servido um coquetel a base de whisky,
cointreau e ervas locais. Suave e refrescante.
Enquanto bebíamos, surgiu a primeira surpresa: colocaram na
nossa mesa uma galha com algumas folhas de massas crocantes, feitas com vários
grãos regionais. Era o prato Espíritu.
Acompanhando, uma pasta delicada de tomate temperada com ervas cultivadas na
própria horta do restaurante (visível na entrada). Daí o nome do prato: Raíces y hierbas.
Em seguida, veio um prato à base de azeitonas – Aceituna de bodega – que para quem
espera o sabor forte das azeitonas em conservas irá se surpreender com a
suavidade desse prato.
Assim que terminamos, um dos sommeliers da casa nos
apresentou a opção de maridaje, que
seria a harmonização da comida servida no menu degustação com várias bebidas.
Optamos pelo acompanhamento de bebidas, sim. A escolha dos vinhos, cerveja,
sakê, pisco... tornou a experiência mais saborosa (e cara, claro!).
Tem um alerta em relação à maridaje: se você beber rápido demais, os garçons prontamente repõem a bebida, mas o que pode parecer bom na realidade acaba comprometendo, pois o risco de embriaguez é alto. Só para lembrar, leia o parágrafo acima pra ver a mistura de bebidas que você vai fazer. Portanto, a regra é saborear tudo lenta e intensamente!
Tem um alerta em relação à maridaje: se você beber rápido demais, os garçons prontamente repõem a bebida, mas o que pode parecer bom na realidade acaba comprometendo, pois o risco de embriaguez é alto. Só para lembrar, leia o parágrafo acima pra ver a mistura de bebidas que você vai fazer. Portanto, a regra é saborear tudo lenta e intensamente!
O próximo prato foi a Zanahoria,
tinta de calamar – servido com a tinta do próprio molusco. Na nossa opnião,
foi a entrada que mais se destacou em sabor dentre as servidas.
Ainda sentados na varanda, recebemos a última das entradas,
servida em uma serpente de louça. Eram três tipos de pele bem crocantes
(salmão, porco e outra que não nos lembramos) e o nome do prato era Pieles anticucheras. Tudo muito suave.
Ao final das entradas, todas servidas continuamente, sem
atrasos ou pressa, fomos convidados para sentarmos na mesa do salão, de cores
tão suaves quanto a varanda, onde os pratos principais continuariam servidos.
Em outra delicada apresentação, o maître nos apresentou os
elementos dos próximos pratos. Agora, conheceríamos os sabores frágeis do
Oceano Pacífico.
No salão, o primeiro prato nos trouxe uma trilogia de
sabores do mar, degustados da direita para esquerda em grau de intensidade: um trio
de ceviche de pepino dulce, erizo y
almendras, um delicioso Langostino de
mar, encurtidos e, à direita, com um Alfajor
de anchoveta (isso mesmo: um alfajor de peixe). A harmonização da bebida
foi feita com um vinho orgânico suave.
O prato seguinte tem uma textura areada, leve – Playa de Pisco.
Depois foi a Lancosta,
pacae, maca (lagosta, fruta pacae e o tubérculo maca).
O Espárragos del sur
foi o mais suave dos sabores, mas surpreendeu com as bolinhas de gema de ovo
congeladas em nitrogênio... Explodiam na boca!
O delicado Escabeche
de caballa. Foi o mais saboroso dos frutos do mar. E foi harmonizado com um
sakê bem suave.
A próxima etapa foi anunciada como os elementos do deserto,
onde há espaço para aventura.
Assim começamos! Com o surpreendente Recuerdo de Cantalloc, que foi servido com um pouco de pisco
(cachaça de milho roxo), misturando os sabores em uma espiral de pedra. No
final, tivemos de beber de canudo!
Depois, o prato servido - Cangrejo, ortiga - teve uma inusitada mistura de sabores: carangueijo
servido de modo delicado.
E outro com folhas de urtiga, servidas em uma pedra azul
linda. Fiquei na dúvida se era Lapis Lazulli, Opala ou Turquesa. Quem souber...
Esse foi o momento da harmonização com um espumante brut que
tinha uma suavidade de demi-sec mas sem o sabor adocicado.
Parece uma maratona gastronômica? Nada disso. Chegamos à
metade do percurso. E ainda seríamos maravilhados. Ainda iríamos entrar nos
elementos andinos recheados de nostalgia.
Foi servido um prato típico dos Andes, em que batatas são
assadas envoltas em uma terra batida e assadas em forno. Esse é o Huatia.
Em seguida, uma nova mistura de sabores nos arrebatou: Choclo, queso, rocoto (fruta peruana), coca sagrada e molle.
Para limpar o paladar, recebemos uma deliciosa Frutillada.
Antes de começarmos as carnes, recebemos a harmonização de
um vinho bem leve, cujo sabor é de vinho branco, mas a cor é de tinto.
Conhecemos o pinot noir da vinícola William Cole.
Chegamos ao momento do orgulho da região Altiplana, ou seja,
vamos trilhar pelos sabores mais fortes e carnes.
E assim foi com os Brotes
de quinua.
Depois, truta frita na gordura de pato - Trucha, chirimoya (fruta típica) y pato.
E o sommelier trocou nossas taças para provarmos um vinho
tinto Cabernet franc (mais leve que um cabernet sauvignon) da região de
Mendoza.
Uma carne bovina incrível, com textura, sabor ativo... Delícia. Foi a Patada de res.
Provamos um cordeiro macio, acompanhado por mais um
tubérculo peruano – Oca, cordero, salvia.
E a Papada tostada,
sachaculantro e sua gordura que lhe dá um sabor bem particular.
Finalizamos com a travessura do Amazonas... Os doces!
Sua majestade o chocolate não podia faltar.
Por fim, para acompanhar as sobremesas, foi-nos servido a
bebida típica do Peru: Pisco. É para quem gosta de bebida forte.
Uma mistura linda da frutas e cereais locais, como Aguaje, lúcuma e maiz morado.
A deliciosa Zapote (sapoti),
lima.
E para encerrar essa experiência incrível, pastilhas de
chocolate saborizadas – Monedas – acompanhadas com um extrato de café gelado.
O Astrid y Gastón não pode ser considerado um mero
restaurante. Seria uma ofensa a essa estrutura de vários ambientes que
funcionam para surpreender o paladar e os olhos. É um toque de ciência
culinária e arte para simplesmente encantar. Nada é medíocre.
Por estes motivos, pedimos desculpas aos nossos leitores pois não estamos à vontade para utilizar os mesmos critérios de avaliação que usamos para os restaurantes "normais".
Por último, não podemos omitir o aspecto financeiro, afinal de contas como todo luxo, não é
barato experimentar esses mimos gastronômicos. Ah, a água com gás é San Pelegrino (foi a mais cara que já pagamos em nossas vidas ...).
Se não quiser gastar tanto, sugerimos o salão “à la
carte”, ou mesmo um dos menus mais curtos que, certamente, não pecam em
qualidade.
Nossa impressão sobre essa noite? Magia !!!
Se você deseja mais detalhes sobre esta aventura maravilhosa (inclusive preço), não deixe de entrar em contato conosco.
Veja outras dicas de Lima na publicação que fizemos sobre a Capital Chilena.
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