segunda-feira, 29 de junho de 2015

Um dia em Colonia del Sacramento, Uruguai

Imagine uma pequena cidade com cara e simpatia de povo do interior, uma riquíssima história colonial e ainda localizada entre duas das capitais federais mais importantes da América do Sul: esta é Colonia del Sacramento, no Uruguai.


Você sabia que Colonia foi fundada em 1680 por Portugueses? Pois foi, mesmo desrespeitando o Tratado de Tordesillas (aquele que previa a divisão do novo mundo entre as duas potências marítimas, lembra?). A cidade só foi entregue definitivamente aos Espanhóis em 1770. Em Colonia você poderá também se divertir brincando de comparar a arquitetura das casas espanholas com as portuguesas.




Vamos começar nosso passeio em Colonia del Sacramento pela entrada da antiga muralha de proteção da cidade, o Portón del Campo. Ele foi construído em 1745 e é a forma mais legal de entrar no Barrio Histórico. Esta área da cidade está muito bem preservada, nada mais justo que tenha sido declarada Patrimônio Mundial da Humanidade pela Unesco



Nosso passeio continua à esquerda contornando a muralha até o Bastión de San Miguel. A vista e o local são bem propícios pra sentar e deixar o tempo passar ...




Prosseguindo pela Calle de San Pedro você encontrará uma das ruas mais emblemáticas da cidade, a Calle de los Suspiros. Quem não conhece sua história é levado a associá-la ao clima de romantismo, mas neste caso os suspiros eram dos escravos que chegavam à cidade nos navios negreiros depois de uma extenuante viagem. Ele entravam por aqui e eram comercializados no mercado de escravos que existia na Plaza Mayor. Ela nos lembrou a ponte homônima de Veneza onde os suspiros eram dos condenados à caminho da prisão de onde nunca mais sairiam, mas esta é uma outra história.



Entre na Calle de los Suspiros e você estará na bela Plaza Mayor 25 de Mayo. A principal praça de Colônia abriga algumas importantes atrações da cidade.



Se desejar conhecer um pouco mais da história do lugar, siga direto para o Museo Municipal Dr. Bautista Rebuffo para comprar o passe que dá direito à entrada nos principais museus ($u 50 / R$6,58). Comece sua visita por ele. 

O acervo do museu é ... digamos assim ... bem variado. Você vai encontrar desde um esqueleto de baleia, aves empalhadas, mobiliário colonial até uma maquete da cidade.




Em seguida visite a Casa Nacarello, logo ao lado do Museo Municipal. Ela é uma típica casa colonial de arquitetura portuguesa. Foi restaurada recentemente e é uma das mais fiéis ao período colonial. Entre e conheça um pouco como viviam, pois a casa foi toda decorada com móveis da época. 



O museu que mais gostamos foi o Museo del Período Histórico Portugués, pois seu acervo é organizado e distribuído de forma lógica. O museu exibe a árvore genealógica de Manoel Lobo, Governador do Rio de Janeiro e fundador da cidade, o escudo original do Portón de Campo, mobiliário, armamento, cartografia etc.



Pertinho do Museo Portugues você encontrará o (muito) pequeno Museo Naval. A entrada não faz parte do passe vendido no Museo Municipal. Custa $u20 (R$2,63). 



Nossa próxima parada é no Farol de Colônia. Ele foi construído no século XIX e é um dos lugares mais fotografados da cidade. Fica no meio das ruínas do Convento de San Francisco. Experimente subir pra curtir a vista do alto do farol.  



Saindo da Plaza Mayor pelo lado contrário ao Portón del Campo, você encontrará uma casa de pedra do século XVIII. Ela abriga o pequeno, mas curioso Museo del Azulejo. O acervo incluí peças de origem espanhola, francesa e portuguesa, e descreve os principais componentes usados para se obter cada cor.



Vamos caminhar um pouco para o norte da Plaza Mayor até a Plaza de Armas, também conhecida como Plaza Manuel Lobo. É onde foi construída em 1680 Iglesia Matriz, ou Basílica do Santíssimo Sacramento. A igreja seria a mais antiga do Uruguai se não tivesse sido reconstruída duas vezes (uma delas por completo). Além do seu valor como construção histórica, possui obras religiosas de mais de 200 anos.



Termine seu dia no Paseo San Gabriel apreciando o lindo pôr-do-sol às margens do Rio de la Plata. Aproveite e escolha um bom restaurante para fechar sua viagem com um jantar romântico.





Arquitetura

Uma brincadeira bem legal é comparar as casas de arquitetura portuguesa e espanhola
Em Colonia, as casas portuguesas são mais rústicas e normalmente possuem somente um andar. 



As espanholas possuem arquitetura bem mais trabalhada e muitas vezes têm mais de um pavimento. A impressão que tivemos foi que pertenceram a classes sociais distintas.





Como ir

A forma mais comum de ir para Colônia del Sacramento é de barco a partir de Buenos AiresFizemos uma breve avaliação sobre as três empresas que operam a linha. Seguem nossos comentários:

Buquebus: é a principal e maior companhia. Além da linha Buenos Aires-Colônia, faz também Buenos Aires-Montevidéu sem escalas. 


Seacat: Usa os mesmos terminais marítimos da Buquebus em Buenos Aires e em Colônia. Faz o trajeto em 1h15min em barcos menores que os da Buquebus, o que para nós torna a viagem mais agradável. Compramos a passagem diretamente no sítio da companhia na internet e ficamos bastante satisfeitos com todo o serviço, desde o embarque até a chegada ($u 690/R$90,79).


Colonia Express: é a menor e mais barata das três. Seu inconveniente é o local de desembarque em Buenos Aires (no bairro La Boca).


Se você tem problemas de enjoo no mar, opte pelos barcos grandes e mais lentos. Eles demoram cerca de 3h00 no trajeto, mas a viagem é mais tranquila e nem parece que está navegando. 

A outra forma de visitar Colonia é de ônibus a partir de MontevidéuNós compramos nossa passagem na empresa COT (Compañia Oriental de Transporte) diretamente no Terminal Rodoviário de Tres Cruces em Montevidéu (é de lá que saem os ônibus para Colônia). Há também uma loja da COT na saída do aeroporto, o que pode ser uma boa opção para quem chega ao Uruguai de avião. A viagem é feita sem paradas e dura 2h40min. Fique alerta porque algumas empresas fazem o trajeto num pinga-pinga terrível.

Ficamos muito satisfeitos, tanto pela pontualidade quanto pela qualidade dos serviços prestados. 
Vale acrescentar que tivemos um contratempo que nos fez perder o horário de saída do ônibus, mas a empresa remarcou para a saída seguinte sem ônus. Pagamos $u 307,00 (R$42,00) e ainda tivemos um desconto de 1,64% porque pagamos no cartão de crédito.


Quanto tempo

Você está em dúvida entre fazer um bate-e-volta ou dormir na cidade? Nossa resposta é bem simples: se você vai com a pessoa amada (ou pretendida), então durma na cidade e curta o clima de um lugar que parece ter parado no tempo. Se sua viagem está com pouco tempo disponível, então faça um bate-e-volta de Buenos Aires ou Montevidéu.



Onde ficar

Para efeito de localização considere a Calle Ituzaingó como divisão entre a parte antiga da cidade e a sua área mais moderna. Para facilitar nossa locomoção, nós optamos por ficar na parte nova, perto dos terminais rodoviário e marítimo, pois chegamos de ônibus de Montevidéu e saímos de barco para Buenos Aires. O importante é que a maioria das atrações são bem próximas, dá para conhecer tudo a pé.




Nós reservamos nosso hotel pelo Booking.com e ficamos hospedados no Le Vrero - Boutique Hotel. Quando escrevemos esta publicação ele tinha nota 9,0 (1048 avaliações) e nossa nota foi 9,2. Nós não poderíamos deixar de comentar a simpatia do Luciano que nos recebeu muito bem e nos fez nos sentirmos em casa. 






Acompanhe outras publicações da nossa viagem pelo Uruguai e Argentina.





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