Entretanto, antes de começar, lembro que a Argentina tem tolerância zero para motoristas embriagados, portanto se beber não dirija!
A primeira coisa a dizer pra quem pretende visitar a região é que ela é graaannnnnde! Nós não tínhamos ideia do quanto e por isso uma das nossas maiores dificuldades foi sem dúvida escolher que vinícolas iríamos visitar.
Para planejar sua viagem, é importante você saber que as vinícolas da região de Mendoza são divididas em três áreas distintas: a vizinha Maipú, Luján de Cuyo e o mais distante e apenas recentemente explorado Valle de Uco. Foi assim que nós dividimos esta publicação e esperamos que curtam e amem Mendoza tanto quanto nós. Tim-tim!
Além do roteiro, confira também nossa publicação de dicas importantes para quem vai para Mendoza.
Quantos dias
Definir quantos dias são suficientes para Mendoza não é tarefa tão fácil, pois atividades e lugares pra conhecer não faltam. A agenda que sugerimos pra vocês é o básico pra quem vai pra lá. Lembre-se que você terá pra visitar, além das vinícolas, uma natureza linda com o ponto mais alto das Américas bem ali pertinho.
Como a maioria das vinícolas importantes concentram-se em Luján de Cuyo, propomos um roteiro de dois dias pra lá. Os outros dias estão divididos entre Maipú e o Valle de Uco, intercalados por um passeio pelo Parque Provincial Aconcágua.
Sugerimos ainda que você concentre sua viagem durante a semana devido a algumas vinícolas fecharem no final de semana. Desta forma, nossa agenda de viagem ficará assim:
Dia 1 (segunda-feira): Maipú
Dia 2 (terça-feita): Luján de Cuyo
Dia 3 (quarta-feira): Parque Provincial Aconcágua
Dia 4 (quinta-feira): Valle de Uco
Dia 5 (sexta-feira): Luján de Cuyo
Citamos na publicação de dicas de Mendoza, mas nunca é demais ressaltar: faça as reservas das vinícolas com antecedência, senão correrá o risco de não conseguir visitá-las. Pode reservar por e-mail ou pelo sítio; não precisa ligar.
Por experiência própria, recomendamos duas vinícolas por dia (no máximo três), senão você não vai curtir as visitas como elas merecem e ainda correrá o risco de chegar atrasado a uma delas.
Maipú
Para chegar a Maipú não precisa nem de carro alugado, dá pra ir de transporte público mesmo, mas lembre-se de pegar o telefone de alguma central de táxis pra chamar depois, pois algumas vinícolas ficam um pouco isoladas. Os ônibus saem da La Rioja, entre a Garibaldi e a Catamarca.
Vinícolas visitadas
Nossa grande indicação de Maipú é a FAMÍLIA ZUCCARDI, uma das maiores vinícolas da região com produção de até 30 milhões de garrafas por ano. Há várias opções de visitas, tantas que escolher uma só é uma verdadeira tortura. Nós optamos pelo picnic en los jardines. Foi incrível: três horas nos belíssimos jardins da Casa del Visitante saboreando sanduíches, presuntos, queijos, frutas frescas e o excelente Santa Julia Reserva (malbec 2013). Não conta pra ninguém, mas não entendo até hoje como coube tanta coisa no meu estômago, simplesmente fiquei hipnotizado pela mistura de sabores e fui comendo, comendo, ... ainda levamos dois sanduíches pra mais tarde. E sabe aquele mito que todo argentino é chato? Esquece disso. Aqui a simpatia do atendimento foi show!
Preço para duas pessoas: AR$620 (R$172,22).
As reservas podem ser feitas no próprio sítio da Casa del Visitante ou por telefone (+54 261 441-0000).
Após o picnic, nós fomos para a visita à vinícola (iiic!). Foi aí que conhecemos o Malamado, um malbec licoroso criação exclusiva da Zuccardi. Provamos também o ZuccardiQ (tempranillo 2011), mas ele ficou apagado pelo Santa Julia do almoço, e um terceiro que eu ....iiic.... não me lembro.
Preço da visita: AR$40 (R$11,11) franqueados em caso de compra de mercadorias (tem um conjunto de azeites......hummmmm!).
Quem gosta de história não deve deixar de visitar o melhor museu do vinho da região: BODEGA LA RURAL. A vinícola produz cerca de 12 milhões de garrafas por ano.
O museu é realmente bem legal, mas a pessoa que nos acompanhou na visita parecia meio robotizada, como se fosse uma gravação sem emoção nenhuma. Ao final da visita, foram oferecidos dois vinhos Museo (chardonnay e malbec 2014). Não gostei de nenhum.
Pra ir de ônibus de Mendoza, pegue o número 10/173 e desça na Felipe Rutini. É necessário caminhar por cerca de 1 Km.
Preço da visita: AR$70 (R$19,44) convertidos em compras.
Outras indicações
Carinae: pequena vinícola propriedade de franceses, produz um excelente rosé;
História y Sabores: produtora artesanal de chocolates e licores;
LAUR: oferece ótima degustação de azeites.
Luján de Cuyo
O que mais nos surpreendeu em Luján de Cuyo foi a quantidade de excelentes vinícolas, uma bem pertinho da outra. Dá pra fazer uma viagem exclusivamente para conhecê-las.
Se você desejar, é possível ir de transporte público combinando ônibus até o centro de Luján e depois um táxi. O inconveniente é apenas o tempo de deslocamento.
Em Mendoza, os ônibus para Luján saem do terminal rodoviário, mas você pode pegar também o ônibus 1/19 na Calle Rioja (em frente à Universidade). Ele passa em frente à Luigi Bosca e bem perto da Norton. Para a Ruca Malén, desça na Roque Saën Peña e pegue um táxi.
Vinícolas visitadas
Nossa grande indicação da região é a NORTON. A vinícola é uma das grandes, com produção de até 25 milhões de garrafas por ano.
Como na Zuccardi, há várias opções de visitação. Nós optamos pelo creciendo junto ao vino e almoço no La Vid, um dos restaurantes mais renomados da região.
Durante a visitação, são degustados quatro vinhos e ela começa nos jardins da vinícola com um Varietales (chardonnay 2013). Nas etapas seguintes, o visitante tem a oportunidade de provar malbecs em estágios diferentes de produção, como no barril de carvalho e no tanque de aço inoxidável.
Preço da visita: AR$40 (R$11,11).
O restaurante La Vid é um deleite gastronômico. Começamos com as famosas empanadas argentinas (coelho, ricota e carne) e como prato principal fomos de 250 gr. de ojo de bife regado a uma taça de Roble (malbec 2012). Só de lembrar, já comecei a salivar ...
As reservas podem ser feitas pelo sítio da bodega.
Outra boa opção de degustação, mas sem almoço, é a LUIGI BOSCA. A vinícola produz expressivas 7 milhões de garrafas por ano de vinhos de ótima qualidade.
Durante a visita, são provados quatro vinhos, começando pelo Finca La Linda (sauvignon blanc 2014). O segundo foi um Luigi Bosca (blend cabernet sauvignon/malbec 2012), seguido por um Gala n. 4 (cabernet franc 2012) e terminando com um Brut (blend chardonnay 60%/pinot noir 40%).
Preço da visita: AR$110 (R$30,55).
Ainda em Luján de Cuyo, tínhamos recebido ótimas recomendações do menu gastronômico da RUCA MALÉN ("casa da mulher bonita" na língua mapuche). Apesar de não ser uma das grandes vinícolas (produção de aproximadamente 800 mil garrafas por ano), eles nos surpreenderam muito pela qualidade da comida e principalmente pelo vinho. A simpatia dos funcionários também é de se destacar, algo de quem trabalha com amor.
O restaurante é bastante intimista, com poucas mesas e tratamento praticamente personalizado. O menu gastronômico é composto de cinco pratos, cada um regado por um vinho perfeitamente harmonizado.
A brincadeira começa com escamas de trutas acompanhadas por um Yauquén (torrontés 2014), seguido por uma brusqueta de carne de sol regada com por outro Yauquén (blend malbec/cabernet 2014).
Abrindo um parênteses em relação aos vinhos, foi aí que finalmente experimentamos um torrontés, a polêmica uva cuja origem é disputada entre a Argentina e a região da Galícia, na Espanha.
O terceiro passo foi uma bondiola de porco braseada acompanhada por um Ruca Malén (cabernet sauvignon 2011) ...
... e depois medalhão de filé grelhado com batatas crocantes acompanhado por dois vinhos: um Ruca Malen (malbec 2012) e um Kinién (malbec 2010). Prove e nos diga de qual malbec gostou mais.
Pra terminar ainda veio a sobremesa: biscoito de nozes, sorvete de laranja e amêndoas tostadas. Desta vez acompanhados por um Nespresso. Ufa! É só.
Veja mais fotos do Ruca Malen no nosso Instagram.
Outras vinícolas
Catena Zapata: uma das vinícolas tops; destaca-se pelo seu edifício em forma de pirâmide e pela qualidade dos vinhos; é uma das mais antigas da Argentina;
Chandon: bem difícil conseguir agendamento, mas nos trataram super bem; produz espumantes de qualidade excepcional e foi a primeira unidade do grupo fora da França; inaugurada em 1959;
Dolium: pequena; produz ótimos brancos;
Escorihuela: fundada em 1884, possui um lindo restaurante bem indicado para ir à noite.
Nieto Senetiner: é a que mais se aproxima do conceito de vinícola-butique, inclusive com uma pousada;
Terrazas de los Andes: faz parte do grupo Moët et Chandon e ocupa uma construção de 1898; oferece também um hotel-butique; foi seu fundador, o francês Hervé Birnie-Scott, o principal responsável por transformar Mendoza no grande polo produtor que é hoje;
Viniterra: uma das maiores e mais modernas;
Valle de Uco
Esta é a região mais distante de Mendoza e que só recentemente começou a ser descoberta pelo turismo gastronômico. Nossa viagem até lá começou com um baita susto: a gente se perdeu! Isso é no que dá alugar carro sem GPS, um erro que prometi nunca mais cometer. O caminho errado nos fez pegar uma estrada de pedras de mais de 70 Km. entre Potrerillos e Tupungato. Estávamos a caminho dos Andes ao invés do Valle de Uco.
Vinícolas visitadas
Passado o susto, chegamos à nossa primeira vinícola do Valle de Uco: BODEGAS SALENTEIN.
A vinícola não é das maiores (cerca de 3 milhões de garrafas por ano), mas o ambiente é muito agradável e belíssimo. Além da visita à vinícola, há o restaurante e a galeria de arte Killka, ambos muito bons. Também é possível se hospedar na vinícola.
Nós escolhemos a visita architectura, arte e vinho. Ao final, são degustados três ótimos vinhos, começando por um Portillo (sauvignon blanc 2014), em seguida vem um Salentein Reserva (cabernet sauvignon 2013) e por último um Numina (blend 2012).
Preço da visita: AR$90 (R$25,00).
Em relação ao restaurante Killka, ele fica num local muito bonito, num espaço envidraçado virado para os parreirais.
Começamos comendo empanadas (as melhores da viagem inteira!) e terminamos com trutas. Delicioso!
Para acompanhar? Vinho nacional, é lógico. Escolhi um Salentein Reserve, só não me lembro ... iiic ... a uva ... mas era branco.
E ainda há a galeria de arte Killka. Adoramos o acervo de pintores dos países baixos. Ah, os proprietários da vinícola são holandeses.
Outras vinícolas
Clos de los siete: trouxe conceitos de terroir para a região;
Cuvelier de los Andes: bela arquitetura e modernas instalações;
François Lurton: produz um dos melhores torrontés de Mendoza;
Vista Flores: condomínio de vinicultores com 7 produtores franceses.
Parque Provincial Aconcágua
O parque abriga um dos picos mais altos do mundo, o Cerro Aconcágua, com 6.962 metros. É preferido pelos montanhistas iniciantes pela facilidade de acesso. Além do Aconcágua, oferece outras opções para os amantes da natureza, como a impressionante Laguna de Horcones.
Outro ponto de visita importante é a Puente del Inca. Ela abriga o Cementerio de los andinistas, onde são enterrados os escaladores mortos no Aconcágua.
O clima árido desta parte dos Andes acaba sendo inóspito para proliferação da vegetação e de animais, mas as paisagens compensam.
Confira também a publicação complementar de dicas sobre a região de Mendoza.
Acompanhe outras publicações da nossa viagem pelo Uruguai e Argentina.
#Argentina #Mendoza #Malbec