Ficou com saudade da gente? Então fique tranquilo que já estamos de volta. Como prometido no início do ano, retomamos as publicações sobre o que há de mais importante para se fazer/conhecer em Recife, capital de Pernambuco.
Um pouco de história
Localizado no bairro de Santo Antônio, na ilha de Antônio Vaz, o Palácio do Campo das Princesas foi construído na bela Praça da República. Ela testemunhou a história de Pernambuco desde a sua origem lá nos anos das Capitanias Hereditárias. Falaremos mais sobre a praça numa futura publicação.
Já a história do Palácio é bem mais recente, pois a primeira etapa de sua construção data "apenas" de 1841, obra do futuro Conde da Boa Vista, na época Francisco do Rego Barros, Governador do Estado. Outros nomes importantes da sua construção foram o do Coronel Firmino de Morais Âncora, responsável pelo projeto, e o Major João Pedro de Araújo e Aguiar, administrador da obra. O local escolhido foi o do Erário Régio, onde funcionava a administração fiscal. Era bem ao lado das ruínas do Palácio de Friburgo, antiga residência de Maurício de Nassau.
É bastante comum se perguntar de onde vem a denominação "campo das princesas", pois Recife nunca foi sede de nenhuma monarquia. Seu nome foi dado a partir de 1859 quando o Palácio foi transformado em Paço Imperial para hospedar D. Pedro II e sua família. Suas filhas, as tais princesas, costumavam brincar nos jardins e eles acabaram recebendo este nome, logo depois estendido a todo o Palácio.
O início do século XX marcou duas grandes intervenções no Palácio. A primeira ocorreu em 1922 e foi estrutural. Tratou da sua reconstrução e ampliação (foi nesta época que surgiu o último pavimento). A segunda intervenção foi visual e ocorreu entre 1928 e 1930. Como em tantos outros lugares espalhados pelo Brasil, ela trouxe uma forte influência francesa. As marcas deste tempo estão na luxuosa decoração, mobiliário (copiados dos reis Luís XIV, XV e XVI) e nos estilos arquitetônicos.
Destacamos também o trabalho de restauração finalizado em 2014 ao custo de R$30 milhões financiados pela Lei Rouanet. Para se ter ideia de apenas parte da complexidade do trabalho, ele revelou de seis a oito camadas de tinta com cores diferentes no prédio, todas minuciosamente estudadas até se chegar à cor original.
A visita
Nossa visita guiada começa no saguão principal, logo após a porta de entrada do Palácio.
As simpáticas guias se revezam na condução dos grupos e contam com bastante esmero os momentos mais marcantes da história do palácio. Um fato interessante observado durante o percurso foi a ajuda dos seguranças para relatar as histórias do prédio. Se você esperava encontrar gente mal-humorada por trabalhar em pleno domingo, esqueça. Aqui eles trabalham com um sorriso no rosto e principalmente com muito orgulho.
A primeira parada da visita é no belo vitral voltado para a porta de entrada, bem no meio da escadaria que dá acesso ao segundo piso. Ele representa a Revolução Pernambucana de 1817.
Vale observar com cuidado alguns detalhes. O primeiro é o leão, símbolo da bravura do povo pernambucano desde o século XIX. Percebeu que pata dele está pousada sobre a coroa portuguesa? Observe também as laterais do vitral com alguns dos fatos mais marcantes da história do Estado, desde a sua descoberta até a proclamação da República. Veja que a data de descoberta do Estado está gravada como 20/01/1500 pelo espanhol Vicente Pinzon e não em 21/04 pelo português Pedro Alvarez Cabral. Alguns historiadores defendem que o espanhol descobriu a nossa costa antes que o português chegasse à Bahia.
A visita prossegue no primeiro andar começando pelo Salão das Bandeiras. Todos os estados da federação estão representados.
Um dos lados do salão é ocupado por uma mesa projetada por Oscar Niemeyer. Observe que o formato da mesa foi desenhado para que todos ficassem visíveis. É aqui que o governador assina documentos importantes perante a mídia. A sacada era utilizada pelo falecido ex-governador Miguel Arraes em seus discursos para as multidões.
Destaque para as escarradeiras (!) no pé dos dois espelhos de cristal. Elas eram utilizadas também para depósito de restos de cigarros e charutos numa época com costumes um "pouquinho" diferente dos atuais.
As duas laterais do pátio interno são ocupadas pelas Galerias dos ex-governadores. A galeria do lado esquerdo (de quem olha para o jardim) é ocupada pelos governadores mais antigos e a do lado oposto é ocupada pelos mais recentes. Há pinturas de todos os ex-governadores.
Ambas galerias dão acesso ao Gabinete do Governador. Por motivo de segurança, não são permitidas fotos do Gabinete. Em compensação, o terraço possui uma vista matadora dos jardins.
O centro do Palácio é ocupado por um belo Pátio Interno.
Prosseguindo para o segundo andar, encontramos o segundo vitral. Ele representa o período republicano. As datas nas suas laterais homenageiam os heróis da Insurreição Pernambucana de 1817 e da Confederação do Equador de 1824. As figuras femininas representam Pernambuco, a República, o Brasil e as duas revoluções. A curiosidade é a bandeira de Pernambuco num ponto mais alto que a bandeira do Brasil.
Há ainda uma pequena sala para outros convidados. Observe o detalhe do piso de madeira: seu formato geométrico também foi inspirado nos palácios franceses.
A visita prossegue na Sala dos Embaixadores. Este espaço é destinado às grandes solenidades. Chique, ein?
Os detalhes dourados são folhas de ouro!
A pequena sala ao lado do piano é a Sala das Embaixatrizes. O ambiente foi criado para que a primeira dama pudesse receber seus convidados durante às recepções oficiais. Fico só imaginando se o governador fosse uma mulher...será que seu marido receberia alguém numa sala rosa?!?!? Sem preconceitos, por favor.
Terminamos a visita ao andar superior no quarto utilizado pelo Governador Agamenon Magalhães. O mobiliário é inglês e foi fabricado em mogno. Não tivemos acesso aos dois outros quartos e ao escritório do Governador porque ele estava trabalhando (em pleno domingo, viu?). A ala estava fechada para visitação.
Pernambuco tem fama de mal-assombrado devido aos diversos "causos" contados pelo povo e por vários escritores, dentre eles Gilberto Freyre. O Palácio é um destes lugares que alimentam nosso folclore, pois há uma lenda que o Governador Agamenon ainda perambula por lá à noite (oficialmente ele foi vítima de morte súbita no seu quarto em agosto de 1952, mas há boatos que ele morreu na casa da sua amante e só então foi levado para o Palácio). É comum também se ouvir o piano tocar sozinho e algumas senhoras perambularem por lá à noite, entre outros barulhos estranhos. Topa passar uma noite pra conferir? Uhuhuhuhuhuh!
A visita termina nos jardins de autoria do paisagista Burle Marx. Como se já não bastasse a sua beleza, eles são voltados para a confluência dos rios Capibaribe e Beberibe e para a Rua da Aurora. Coisa linda!
Entre os destaques da Rua da Aurora estão os prédios da Assembléia Legislativa (ALEP) e do Ginásio Pernambucano (o prédio vermelho quase no centro da foto abaixo). A ALEP foi construída estrategicamente para que ficasse perto dos outros dois poderes da República (o Palácio da Justiça também fica na Praça da República).
Por motivo de segurança, não são permitidas fotografias do Palácio a partir dos jardins.
Entre os destaques da Rua da Aurora estão os prédios da Assembléia Legislativa (ALEP) e do Ginásio Pernambucano (o prédio vermelho quase no centro da foto abaixo). A ALEP foi construída estrategicamente para que ficasse perto dos outros dois poderes da República (o Palácio da Justiça também fica na Praça da República).
Por motivo de segurança, não são permitidas fotografias do Palácio a partir dos jardins.
Outras informações
Preço da entrada: grátis
Localização: Praça da República, bairro de Santo Antônio
Horário de visita:
Quintas e sextas-feira das 09h-11h e 14h-16h
Domingos das 10h às 12h
Agendamento: visitapalacio@governadoria.pe.gov.br (acima de 10 pessoas)
Contato: (81) 3182-6694
Línguas: português, inglês, espanhol e francês
Trajes: bermudas, minissaias, shorts e chinelos só são permitidos aos domingos.
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