domingo, 27 de outubro de 2013

Fernando de Noronha

Baía dos Porcos
Que tal conhecer Fernando de Noronha, um dos paraísos naturais do Brasil e do Mundo? Fizemos isso no final de semana passado e agora trazemos para vocês as experiências, dicas e tudo mais que vivemos por lá.



Um pouco de história


O Arquipélago é formado por 21 ilhas e é na realidade o topo de uma cadeia vulcânica de 12 milhões de anos. Sua paisagem é formada pelo resultado das erupções.

A data considerada como de descobrimento da ilha é 10/08/1503 a partir dos registros de Américo Vespúcio das expedições de Gonçalo Coelho, mas havia uma controvérsia em relação ao que se acreditava anteriormente. Achava-se que a descoberta teria sido por Fernão de Loronha durante uma expedição para reconhecimento da terra que ele havia arrendado para exploração de Pau-Brasil entre 1501-1502. A certeza é que, em 16/02/1504, D. Manuel I doou a ilha ao mesmo Fernão de Loronha, vindo a se tornar a primeira capitania hereditária de Portugal nas terras recém-descobertas.


Invadida consecutivas vezes por ingleses, holandeses, franceses e portugueses, ficou em posse definitiva destes últimos em 1737. 


A ilha também foi ocupada pacificamente por norte-americanos durante a Segunda Guerra mundial servindo de ponto de vigília. Após a Guerra, eles não deixaram os nativos muito felizes ao afundar quase todo o maquinário de guerra ao invés de deixá-los para trás.


Desde a Constituição de 1988 a Ilha é território do Estado de Pernambuco. Poucos sabem que a restituição do antigo território federal resgata a história da ilha que quase sempre pertenceu ao Estado.


Onde hoje se vê hoje um berço exuberante da natureza, há uma história muito sombria de presídio político, base de desembarque de escravos e tantas outras atrocidades. 


Além de fazer mal para seus semelhantes, o homem também fez intervenções desastrosas na ilha, como a introdução do lagarto Teju e do roedor Mocó, que por falta de inimigos naturais colocam em risco a população de aves da ilha. O interessante é que o Teju foi introduzido para controlar a população de ratos, mas um tem hábitos diurnos e o outro noturnos. Muito inteligente, não?


Outra praga é a linhaça que foi introduzida para alimentação animal e cresce destruindo a vegetação natural. Sem a cobertura vegetal, não há retenção de água e a ilha se torna muito mais seca na época de falta de chuvas.


Percebemos também o quanto os Noronhenses sofrem por descaso dos nossos governantes, seja no sítio histórico abandonado, vias públicas de pedra se deteriorando com o tempo por falta de regras de trânsito, custo de vida inimaginável (gasolina por R$4,18/litro e óleo diesel por R$3,40!), água com racionamento de até 10 dias etc.


Os problemas chegam a situações esdrúxulas para os dias de hoje. Com a limitação da liberação de terrenos para novas moradias, é bastante comum a coexistência de várias gerações na mesma casa (avós, filhos e netos), como também casais divorciados e com novas famílias formadas que são obrigados a viverem no mesmo ambiente pela simples falta de para onde ir.


Noronhenses, virei vosso fã!



Dicas Gerais

Preparamos para você um resumo das principais dicas para quem vai para a Ilha. Confira no post especial.


Roteiros

Dona de um patrimônio natural ímpar, Noronha oferece vários roteiros para quem gosta de mar e natureza, alguns deles com obrigatoriedade de contratação de guias. Como esta foi nossa primeira viagem à ilha, escolhemos a agência Atalaia pela confiança que temos na Luck Viagens (tradicional agência de viagens de Recife) a qual ela pertence. Para o mergulho com cilindro (30 min.), contratamos a Águas Claras pela sua parceria com a Atalaia.


O receptivo da agência nos pegou no aeroporto e depois daquela tradicional demora esperando todos os passageiros serem localizados (sempre tem um que atrasa!) nos levou até a sede da agência para fazer uma apresentação geral dos pacotes e nos entregar a programação dos passeios contratados. Muito chato, mas necessário.



Caminhada histórica


Primeiramente é importante não confundir com a trilha histórica que tem um percurso mais longo. No caso da caminhada, ela começa na BR-363 na entrada da Estrada Velha do Porto por onde o guia Carlos começou a nos contar um pouco da história da ilha. Apesar de ser natural de um estado bem distante, Rondônia, ele mostrou bastante segurança.



Início da Caminhada Histórica
O passeio prossegue até o Forte de Nossa Senhora dos Remédios, onde se tem uma vista privilegiadíssima sobre o ancoradouro da baía de Santo Antônio e da Vila dos Remédios. 


Vista da Baía de Santo Antônio
Originalmente um reduto holandês abandonado em 1654 após a expulsão deles de Recife, foi construído pelos Portugueses em 1737.

Chamou-nos à atenção o abandono do Patrimônio histórico, apesar de tombado e da placa do IPHAN indicando que uma obra de restauração de R$573.875,55 deveria ter sido finalizada em 02/01/2013. A única coisa que vimos com alguns sinais de restauro foi a capela.



Entrada do Forte
Ruínas da capela
Saindo do Forte, o passeio prosseguiu até o local conhecido como Reduto de Sant'ana, construído em meados do séc. XVIII para proteger o porto da Vila, conhecido como Do cachorro, e para dar apoio às embarcações.


Reduto de Sant'ana
Descendo para a Praia do Cachorro, tivemos nosso primeiro contato com abençoado mar de Noronha. Juntamente com a Praia do Meio e Conceição, forma o trio de praias "urbanas" da ilha.


Praia do cachorro
Em seguida, fomos à Igreja Nossa Senhora dos Remédios. Finalizada em 1784, a igreja é um dos principais pontos de referência da ilha. 


Vila dos Remédios
Semelhante às tantas igrejas pelo interior do Brasil, a imagem original foi roubada e a que orna o altar da igreja é uma réplica. Não entendo como tem gente que prefere ter uma obra de arte guardada somente para si do que vê-la exposta, e ainda encomenda o roubo das que estão à disposição da comunidade.


Vista interior da Igreja
Finalizamos a caminhada no Palácio São Miguel, construção edificada entre 1947-48 como sede administrativa do antigo território federal.

O Pátio do Palácio, como é chamada a antiga Praça d'Armas, era o antigo lugar de chamada diária matinal dos presos e de divulgação dos castigos. A instalação numa área inclinada ajudava na drenagem das águas das chuvas. Observe o calçamento em pedras do tipo "cabeça-de-negro".



Pátio do Palácio

Passeio de barco

Para aproveitar melhor o tempo de permanência na ilha, é possível fazer a caminhada histórica e o passeio de barco no mesmo dia. Foi isso que fizemos.


Para fazer o passeio é exigida a entrada do Parque Nacional Marinho. Se você ainda não pagou, pode fazer na hora de embarcar.


O passeio sai do cais do Porto de Santo Antônio, passa pelas ilhas secundárias e percorre todo o Mar de Fora até a Ponta do Sapata. 



Vista 360o. do Porto
O auge do passeio é na Baía dos Golfinhos quando vários deles acompanham o barco. Na nossa visita ao Tamar aprendi que são conhecidos como golfinhos batedores, cuja função é de garantir que o "intruso" não perturbe os demais membros do grupo em fase de procriação.


Golfinhos batedores
Para fechar com chave de ouro, mergulho com snorkel na Baía do Sancho, eleita como uma das praias mais bonitas do Brasil pelos leitores do Guia 4 Rodas.


Ilhatur


O Ilhatur é o principal passeio da ilha. Leva um dia inteiro e dá a oportunidade de você ter uma visão geral das praias para depois, quem sabe, voltar ao que mais gostou. O trajeto é feito em veículo 4x4 e a pé.


A primeira parada do passeio é no PIC (Posto de Informação e Controle) da Baía do Sancho. Como no passeio de barco, aqui também é exigida a entrada do Parque Nacional Marinho. 


O acesso aos mirantes é feita por uma passarela de plástico reciclado que muito se parece com madeira. Muito inspirador para um lugar onde a preservação da natureza fala mais alto.



Início da trilha do Sancho
O primeiro mirante é o que dá acesso à Baía do Sancho. Não pare ainda nele e siga até o final da trilha à sua direita que dá acesso ao mirante da Baía dos Porcos, também conhecido como mirante "ai que lindo!". A imagem explica muito bem o por quê.

Magnífica Baía dos Porcos
Curta também o mirante da "Faixa de Gaza", que é como o guia chama o local coberto por excreções de pássaros. Bem peculiar, mas a vista do Sancho compensa.


Vista da Baía do Sancho
Durante a trilha, cuidado com uma árvore conhecida como Burra-Leiteira, pois sua seiva pode causar queimaduras graves e até cegar. Em pensar que ela era usada para açoitar prisioneiros, dá até arrepios.

Voltando ao local de descida da Baía do Sancho, é importante frisar que este é o local de acesso mais difícil. Há uma escada apertada e não recomendada para pessoas com dificuldade de locomoção, mas o importante é que você estará seguramente numa das praias mais bonitas do mundo. 



Descida para a Baía do Sancho
Se você trouxe equipamento, o mergulho de snorkel é espetacular. A quantidade de peixes e a transparência da água são inimagináveis.


Mergulho de snorkel
Próxima parada foi na Baía do Sueste onde mergulhamos maravilhosamente com as tartarugas. A praia tem um ótimo ponto de apoio para deixar as sacolas, comprar água etc.

Fique atento às boias delimitadoras, pois do lado esquerdo da praia é estritamente proibido mergulhar e do lado direito só é permitido com colete. Tudo para preservar os corais riquíssimos de vida marinha.



Mergulho de snorkel
Hora do almoço, nosso grupo pegou de volta as Toyotas 4x4 boas de guerra dos nossos dedicados guias Franklin e Rivaldo e fomos até o Restaurante Du Mar. 

Aqui deixo uma crítica em relação ao custo do pacote com almoço. O preço do Ilhatur sem almoço é de R$100,00 e com almoço é R$140,00 (sem bebidas), porém o cardápio do pacote com almoço é restrito a pratos de no máximo R$36,00, o que no mínimo soa mal. No meu caso, optei pelo pacote sem almoço. Éramos seis e pagamos R$95,00 por casal (duas moquecas + bebidas), bem próximo do preço pago por quem pagou pelo pacote com almoço. 


Voltando ao nosso roteiro, a próxima parada do passeio foi próximo ao Porto de Santo Antônio, no Museu do Tubarão. Como o museu estava fechado, fomos direto para o Mirante do Leão. Seu nome se dá devido ao morro em frente ao mirante. A vista da Enseada da Caieira é matadora!



Enseada da Caieira
Do Mirante do Leão avista-se a praia conhecida como Buraco da Raquel. A lenda erótica da fogosa filha de militar deu origem ao nome do lugar (a versão oficial diz que ela era excepcional e se escondia lá para chorar). A praia é de preservação ambiental e seu acesso é proibido. Durante a maré cheia é o melhor local para avistar tubarões.


Proximidades do Buraco da Raquel
Saindo do Mirante do Leão, fomos para o paraíso dos surfistas nos meses de novembro a março, a Praia da Cacimba do Padre. O nome do local se deu em 1888 quando o capelão do presídio encontrou uma fonte de água natural. Experimente tentar alimentar os mergulhões em pleno voo segurando uma sardinha com o braço estendido para cima.


Cacimba do Padre
Do lado esquerdo de quem olha para a praia (indo em direção ao Morro Dois Irmãos), há um caminho quase que escondido que leva a um dos postais mais famosos e lindos de Noronha: a Baía dos Porcos

A beleza do lugar compensa a dificuldade para transpor as pedras escorregadias.



Baía dos Porcos
Encerramos o dia com o pôr-do-sol do Forte do Boldró (ou melhor, no que resta do forte).


Pôr-do-sol no Boldró
A única ressalva do lugar não é em relação ao pôr-do-sol mais famoso de Noronha, e sim em relação à quantidade de gente e ao trailer tocando música com o som nas alturas.


Mergulho com cilindro


Minha mulher falou uma frase que é o que melhor retrata a experiência: é o mais próximo de voar que podemos chegar. Nunca tínhamos feito mergulho com cilindro e a experiência de fazer isso no melhor local do Brasil foi e-s-p-e-t-a-c-u-l-a-r!


Barato não foi (R$310,00 por pessoa + R$35,00 por foto), mas o serviço compensa o preço pago. Os guias "Bode" (com sua simpatia e seus cabelos rastafári é sem dúvidas uma das pessoas mais peculiares que já conheci), que acompanhou minha mulher, e Lula, que ficou comigo, transmitiram muita calma e nos levaram como se estivéssemos vendo um filme embaixo d'água.


Nosso mergulho aconteceu nas proximidades da Ilha Rata em profundidade de até 12 metros. A transparência da água de Noronha é realmente algo espetacular.



Mergulho com Cilindro

Outros destaques

Quando estiver próximo ao Porto, dê uma esticadinha até a Praia da Air France (o nome se dá por ter servido de base da empresa no início do séc. passado). A força do encontro entre os mares de dentro e de fora é de arrepiar. 



Praia da Air-France
Há também uma bela vista a partir da Igrejinha que fica num ponto mais alto a partir do pontal.


Vista da Praia da Air-France
Outro ponto interessante próximo ao porto é o Museu do Tubarão. Além das assustadoras arcadas, o museu tem vários quadros que passam bastante informação sobre o "mais temido dos mares".


Museu do Tubarão
Uma das praias mais restritas de Noronha, a Praia da Atalaia, tem acesso limitado devido a ser um dos principais berçários marinhos de Noronha. Só é permitida a visita com agendamento ou acompanhado de guias especializados.

Outro berçário natural cinco estrelas é a Praia do Leão devido a ser um dos locais de maior desova de tartarugas marinhas da Ilha. Se quiser ver a desova, programe sua visita com o pessoal do Projeto Tamar.


Por falar em Projeto Tamar, vale fazer uma visitinha à sede deles, seja para assistir às concorridas palestras que ocorrem às 20h00 (assistimos a uma ótima sobre o golfinho rotador) ou mesmo para comprar umas lembranças de viagem.


Há dois passeios que não fiz: a Prancha Submarina e o Projeto Navi



Prancha Submarina
Não fiz a prancha porque optei pelo que me permitisse contemplar melhor a natureza e não acho que dá para fazer isso agarrado a uma prancha. 

Já o Navi, não fiz porque achei caro (R$170,00 por pessoa), mesmo ele sendo inovador (o passeio se dá num barco com uma placa transparente no fundo que permite ver toda a diversidade marinha de Noronha enquanto você recebe uma aula sobre a biodiversidade do local). Também ouvi relatos de que algumas pessoas passaram mal durante o passeio.



Gastronomia


Confira nossas dicas gastronômicas de Fernando de Noronha no post especial que preparamos para você e veja que além de restaurantes de altíssimo nível você também poderá encontrar opções bem em conta.



Por enquanto é só. 


Próxima publicação continuaremos a descrever como foi nossa viagem pela Costa Leste do Canadá!




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