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Baía dos Porcos |
O Arquipélago é formado por 21 ilhas e é na realidade o topo de uma cadeia vulcânica de 12 milhões de anos. Sua paisagem é formada pelo resultado das erupções.
A data considerada como de descobrimento da ilha é 10/08/1503 a partir dos registros de Américo Vespúcio das expedições de Gonçalo Coelho, mas havia uma controvérsia em relação ao que se acreditava anteriormente. Achava-se que a descoberta teria sido por Fernão de Loronha durante uma expedição para reconhecimento da terra que ele havia arrendado para exploração de Pau-Brasil entre 1501-1502. A certeza é que, em 16/02/1504, D. Manuel I doou a ilha ao mesmo Fernão de Loronha, vindo a se tornar a primeira capitania hereditária de Portugal nas terras recém-descobertas.
Invadida consecutivas vezes por ingleses, holandeses, franceses e portugueses, ficou em posse definitiva destes últimos em 1737.
A ilha também foi ocupada pacificamente por norte-americanos durante a Segunda Guerra mundial servindo de ponto de vigília. Após a Guerra, eles não deixaram os nativos muito felizes ao afundar quase todo o maquinário de guerra ao invés de deixá-los para trás.
Desde a Constituição de 1988 a Ilha é território do Estado de Pernambuco. Poucos sabem que a restituição do antigo território federal resgata a história da ilha que quase sempre pertenceu ao Estado.
Onde hoje se vê hoje um berço exuberante da natureza, há uma história muito sombria de presídio político, base de desembarque de escravos e tantas outras atrocidades.
Além de fazer mal para seus semelhantes, o homem também fez intervenções desastrosas na ilha, como a introdução do lagarto Teju e do roedor Mocó, que por falta de inimigos naturais colocam em risco a população de aves da ilha. O interessante é que o Teju foi introduzido para controlar a população de ratos, mas um tem hábitos diurnos e o outro noturnos. Muito inteligente, não?
Outra praga é a linhaça que foi introduzida para alimentação animal e cresce destruindo a vegetação natural. Sem a cobertura vegetal, não há retenção de água e a ilha se torna muito mais seca na época de falta de chuvas.
Percebemos também o quanto os Noronhenses sofrem por descaso dos nossos governantes, seja no sítio histórico abandonado, vias públicas de pedra se deteriorando com o tempo por falta de regras de trânsito, custo de vida inimaginável (gasolina por R$4,18/litro e óleo diesel por R$3,40!), água com racionamento de até 10 dias etc.
Os problemas chegam a situações esdrúxulas para os dias de hoje. Com a limitação da liberação de terrenos para novas moradias, é bastante comum a coexistência de várias gerações na mesma casa (avós, filhos e netos), como também casais divorciados e com novas famílias formadas que são obrigados a viverem no mesmo ambiente pela simples falta de para onde ir.
Noronhenses, virei vosso fã!
Dicas Gerais
Preparamos para você um resumo das principais dicas para quem vai para a Ilha. Confira no post especial.
Dona de um patrimônio natural ímpar, Noronha oferece vários roteiros para quem gosta de mar e natureza, alguns deles com obrigatoriedade de contratação de guias. Como esta foi nossa primeira viagem à ilha, escolhemos a agência Atalaia pela confiança que temos na Luck Viagens (tradicional agência de viagens de Recife) a qual ela pertence. Para o mergulho com cilindro (30 min.), contratamos a Águas Claras pela sua parceria com a Atalaia.
O receptivo da agência nos pegou no aeroporto e depois daquela tradicional demora esperando todos os passageiros serem localizados (sempre tem um que atrasa!) nos levou até a sede da agência para fazer uma apresentação geral dos pacotes e nos entregar a programação dos passeios contratados. Muito chato, mas necessário.
Caminhada histórica
Primeiramente é importante não confundir com a trilha histórica que tem um percurso mais longo. No caso da caminhada, ela começa na BR-363 na entrada da Estrada Velha do Porto por onde o guia Carlos começou a nos contar um pouco da história da ilha. Apesar de ser natural de um estado bem distante, Rondônia, ele mostrou bastante segurança.
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Início da Caminhada Histórica |
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Vista da Baía de Santo Antônio |
Chamou-nos à atenção o abandono do Patrimônio histórico, apesar de tombado e da placa do IPHAN indicando que uma obra de restauração de R$573.875,55 deveria ter sido finalizada em 02/01/2013. A única coisa que vimos com alguns sinais de restauro foi a capela.
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Entrada do Forte |
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Ruínas da capela |
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Reduto de Sant'ana |
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Praia do cachorro |
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Vila dos Remédios |
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Vista interior da Igreja |
O Pátio do Palácio, como é chamada a antiga Praça d'Armas, era o antigo lugar de chamada diária matinal dos presos e de divulgação dos castigos. A instalação numa área inclinada ajudava na drenagem das águas das chuvas. Observe o calçamento em pedras do tipo "cabeça-de-negro".
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Pátio do Palácio |
Para aproveitar melhor o tempo de permanência na ilha, é possível fazer a caminhada histórica e o passeio de barco no mesmo dia. Foi isso que fizemos.
Para fazer o passeio é exigida a entrada do Parque Nacional Marinho. Se você ainda não pagou, pode fazer na hora de embarcar.
O passeio sai do cais do Porto de Santo Antônio, passa pelas ilhas secundárias e percorre todo o Mar de Fora até a Ponta do Sapata.
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Vista 360o. do Porto |
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Golfinhos batedores |
Ilhatur
O Ilhatur é o principal passeio da ilha. Leva um dia inteiro e dá a oportunidade de você ter uma visão geral das praias para depois, quem sabe, voltar ao que mais gostou. O trajeto é feito em veículo 4x4 e a pé.
A primeira parada do passeio é no PIC (Posto de Informação e Controle) da Baía do Sancho. Como no passeio de barco, aqui também é exigida a entrada do Parque Nacional Marinho.
O acesso aos mirantes é feita por uma passarela de plástico reciclado que muito se parece com madeira. Muito inspirador para um lugar onde a preservação da natureza fala mais alto.
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Início da trilha do Sancho |
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Magnífica Baía dos Porcos |
Curta também o mirante da "Faixa de Gaza", que é como o guia chama o local coberto por excreções de pássaros. Bem peculiar, mas a vista do Sancho compensa.
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Vista da Baía do Sancho |
Voltando ao local de descida da Baía do Sancho, é importante frisar que este é o local de acesso mais difícil. Há uma escada apertada e não recomendada para pessoas com dificuldade de locomoção, mas o importante é que você estará seguramente numa das praias mais bonitas do mundo.
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Descida para a Baía do Sancho |
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Mergulho de snorkel |
Fique atento às boias delimitadoras, pois do lado esquerdo da praia é estritamente proibido mergulhar e do lado direito só é permitido com colete. Tudo para preservar os corais riquíssimos de vida marinha.
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Mergulho de snorkel |
Aqui deixo uma crítica em relação ao custo do pacote com almoço. O preço do Ilhatur sem almoço é de R$100,00 e com almoço é R$140,00 (sem bebidas), porém o cardápio do pacote com almoço é restrito a pratos de no máximo R$36,00, o que no mínimo soa mal. No meu caso, optei pelo pacote sem almoço. Éramos seis e pagamos R$95,00 por casal (duas moquecas + bebidas), bem próximo do preço pago por quem pagou pelo pacote com almoço.
Voltando ao nosso roteiro, a próxima parada do passeio foi próximo ao Porto de Santo Antônio, no Museu do Tubarão. Como o museu estava fechado, fomos direto para o Mirante do Leão. Seu nome se dá devido ao morro em frente ao mirante. A vista da Enseada da Caieira é matadora!
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Enseada da Caieira |
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Proximidades do Buraco da Raquel |
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Cacimba do Padre |
A beleza do lugar compensa a dificuldade para transpor as pedras escorregadias.
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Baía dos Porcos |
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Pôr-do-sol no Boldró |
Mergulho com cilindro
Minha mulher falou uma frase que é o que melhor retrata a experiência: é o mais próximo de voar que podemos chegar. Nunca tínhamos feito mergulho com cilindro e a experiência de fazer isso no melhor local do Brasil foi e-s-p-e-t-a-c-u-l-a-r!
Barato não foi (R$310,00 por pessoa + R$35,00 por foto), mas o serviço compensa o preço pago. Os guias "Bode" (com sua simpatia e seus cabelos rastafári é sem dúvidas uma das pessoas mais peculiares que já conheci), que acompanhou minha mulher, e Lula, que ficou comigo, transmitiram muita calma e nos levaram como se estivéssemos vendo um filme embaixo d'água.
Nosso mergulho aconteceu nas proximidades da Ilha Rata em profundidade de até 12 metros. A transparência da água de Noronha é realmente algo espetacular.
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Mergulho com Cilindro |
Outros destaques
Quando estiver próximo ao Porto, dê uma esticadinha até a Praia da Air France (o nome se dá por ter servido de base da empresa no início do séc. passado). A força do encontro entre os mares de dentro e de fora é de arrepiar.
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Praia da Air-France |
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Vista da Praia da Air-France |
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Museu do Tubarão |
Outro berçário natural cinco estrelas é a Praia do Leão devido a ser um dos locais de maior desova de tartarugas marinhas da Ilha. Se quiser ver a desova, programe sua visita com o pessoal do Projeto Tamar.
Por falar em Projeto Tamar, vale fazer uma visitinha à sede deles, seja para assistir às concorridas palestras que ocorrem às 20h00 (assistimos a uma ótima sobre o golfinho rotador) ou mesmo para comprar umas lembranças de viagem.
Há dois passeios que não fiz: a Prancha Submarina e o Projeto Navi.
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Prancha Submarina |
Já o Navi, não fiz porque achei caro (R$170,00 por pessoa), mesmo ele sendo inovador (o passeio se dá num barco com uma placa transparente no fundo que permite ver toda a diversidade marinha de Noronha enquanto você recebe uma aula sobre a biodiversidade do local). Também ouvi relatos de que algumas pessoas passaram mal durante o passeio.
Gastronomia
Confira nossas dicas gastronômicas de Fernando de Noronha no post especial que preparamos para você e veja que além de restaurantes de altíssimo nível você também poderá encontrar opções bem em conta.
Por enquanto é só.
Próxima publicação continuaremos a descrever como foi nossa viagem pela Costa Leste do Canadá!
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