sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Roteiro no Retiro e Microcentro, Buenos Aires, Argentina

Acho que sabemos como se sente um escritor ao finalizar um livro, pois deve ser o mesmo que estamos sentindo agora com a publicação do último roteiro da nossa viagem pelo Uruguai e a Argentina. É saudade misturada com vontade de voltar e temperada com a felicidade do dever cumprido.

A publicação de hoje finaliza a série de roteiros sobre uma das cidades mais visitadas pelos turistas brasileiros: Buenos Aires, a (ainda) bela e requintada capital da Argentina.




O roteiro de fechamento das nossas aventuras na capital portenha percorre duas das suas regiões mais clássicas: Retiro e Microcentro.


O bairro do Retiro é um dos bairros mais refinados de Buenos Aires, mas nem sempre foi assim. A região abrigou um retiro de monges no século XVII (daí vem seu nome) e casa de campo do Governador espanhol Augustín de Robles. Plaza de San Martin onde começa nosso passeio já foi um Forte, arena de touradas e até mercado de escravos. Dá pra imaginar?



Plaza San Martin


Esta é mais uma das belas obras do arquiteto francês Carlos Thays na cidade. A praça é cercada por dois enormes umbuzeiros, palmeiras e carvalhos, o que garante uma boa sombra nos dias de calor.



Ela também é cercada por prédios elegantes construídos num dos períodos de maior prosperidade do país (entre o final do século XIX e início do século XX). Um de seus maiores destaques é o Palácio San Martin.




O palácio foi residência da família Anchorena, uma das mais ricas proprietárias de terra no início do século XX. Foi usado pelo Ministério do Exterior entre 1936 e 1989 e atualmente recebe cerimônias oficiais e eventos sociais.

Visitas guiadas: quartas-feiras e quintas-feiras às 14h30.



O centro da praça é ocupado por uma estátua equestre do General José de San Martin (recomendamos visitar seu mausoléu na Catedral Metropolitana). Ela recebe também exposições temporárias, como a que presenciamos na nossa visita.


Um dos prédios mais marcantes na paisagem aérea da praça é o Edifício Kavanagh. O prédio é uma mistura de modernismo, racionalismo e Art Déco. Foi construído em 1935 e já foi o mais alto da América do Sul com 120 m de altura. Seus 105 apartamentos representavam o que havia da mais avançado na época, com itens como ar-condicionado integrado e moderno sistema de encanamento (é esse grandão do lado esquerdo da foto).



Ainda na Plaza San Martin, destacamos o prédio que foi a maior e mais luxuosa mansão particular de Buenos Aires: o Palácio Paz


Ele foi construído no início do século XX para o Dr. José Camilo Paz, fundador do Diário La Prensa. Suas dependências são realmente impressionantes e nos remetem novamente ao período de maior vigor econômico do país.




O prédio demorou 14 anos (!) pra ficar pronto, sendo inaugurado somente em 1914, dois anos após a morte do patriarca da família. Suas dependências foram construídas com inspiração francesa, com destaque para os seus salões de baile. Já pensou como eram chiques as festinhas por lá? Eles se vestiam e se comportavam como se estivessem em Paris. A parte de cima no fundo da sala era onde ficavam os músicos.




A fachada principal do palácio (voltada para a Avenida Santa Fé) foi inspirada no Castelo de Chantilly, na França



Alguns historiadores supõem que seu proprietário o construiu para ser sua residencia presidencial, caso suas aspirações políticas se concretizassem. 


Desde 1938 o Círculo Militar ocupa uma das áreas do palácio. Outra área é ocupada pelo interessante Museo de armas de la nación, com mais de 2 mil peças no seu acervo.

Preço do ingresso: AR$70 (R$19,45)
Horário de funcionamento: apenas visitas guiadas
Em espanhol
     Terça-feiras a sexta-feira às 15h00
     Quarta-feira a sábados às 11h00
Em inglês: quinta-feira às 15h30.


Descendo a praça em direção a Avenida del Libertador, você irá encontrar o Monumento a los caídos en Malvinas. São 25 placas de mármore preto com a inscrição dos 649 militares mortos no polêmico conflito 
ocorrido em 1982 entre o país e a Inglaterra. 


Ironicamente o monumento fica de frente para a Torre de los Ingleses, presente da comunidade anglo-argentina em 1916 na celebração do primeiro centenário da Revolución de Mayo de 1810. Apesar de seu nome ter sido mudado para Torre Monumental por causa da guerra das Malvinas (Falklands para seus atuais proprietários), ela continua sendo conhecida pelos portenhos pelo seu nome original. Atualmente funciona como centro de informações turísticas


Horário de funcionamento

Segunda à sexta-feira das 10h00 às 17h00
Sábado das 10h00 às 18h30.


Em frente da Torre está a mais importantes estação de trem da cidade: a Estación Retiro. São três terminais de trem construídos lado a lado (Retiro Mitre, Retiro Belgrano e Retiro San Martín). O primeiro deles foi obra dos ingleses e é o mais importante sob o ponto de vista arquitetural, pois segue o molde das antigas estações europeias. É de lá que partem os trens para o delta do Tigre. Bem ao lado da estação fica o maior terminal de ônibus da cidade.


Recomendamos cuidado com a segurança ao caminhar na região. Se você precisar pegar um trem na estação, seja objetivo e não fique a esmo. 



Florida

Continuamos nosso passeio numa das ruas mais famosas da capital portenha. A Florida é um dos símbolos da época em que Buenos Aires era um paraíso para compras, bem diferente do que é hoje. A combinação da inflação deles com a desvalorização do Real frente ao US$ inviabilizou a gastança.


E por falar em símbolos, não dá para esquecer das Galerias Pacífico



Sem dúvidas as 
Galerias Pacífico são um dos mais belos centros de compras de Buenos Aires. Foram projetadas em 1889 com o objetivo de atender à elite da cidade. Seus belos afrescos foram pintados em 1945, como parte de uma grande remodelação. Sua configuração atual foi fruto de outra grande reforma feita apenas em 1990, acomodando também o Centro Cultural Borges. Ele oferece várias atividades culturais a preços acessíveis.


Avenida 9 de Julio


Prosseguimos nosso passeio percorrendo a "mais larga avenida do mundo", como dizem os argentinos. Sem querer ser desmancha prazer, há uma certa malícia nisso, pois as duas avenidas laterais têm outro nome (Carlos Pellegrini e Cerrito), portanto a 9 de Julio não é tão larga como parece.


Outro grande orgulho dos argentinos, e desta vez com toda razão, o Teatro Colón é uma das quatro melhores casas de espetáculos do mundo! O prédio começou a ser construído em 1880 e levou simplesmente 28 anos para ser inaugurado. Desde então é uma das principais atrações culturais da cidade. Até as vestimentas usadas nos espetáculos são produzidas no Colón.



Nós recomendamos que você faça tanto a visita guiada como assista a um espetáculo. Porém, é importantíssimo comprar as entradas para os espetáculos antecipadamente, pois são muito concorridos. Nós compramos diretamente no sítio oficial do teatro e deixamos outra dica: a página fica recarregando num intervalo de tempo muito curto, portanto seja rápido e objetivo para não ter de refazer a sua escolha.

A visita guiada percorre seus belíssimos salões e é apresentada por um guia especializado, muito bem preparado para contar á história do teatro e da sociedade portenha.



O auge da visita é no saguão principal do teatro. É importante você saber que o som nos andares mais altos é maravilhoso, tem a melhor acústica de todo o teatro. Isto compensa em parte a péssima visão (não dá pra ver quase nada). Nós assistimos à Orquestra Sinfônica de Buenos Aires no último andar e vimos várias pessoas acompanhando o espetáculo de olhos fechados como se estivessem regendo a orquestra. Os últimos andares do teatro são muito frequentados por músicos profissionais e estudantes devido à qualidade do som e ao preço dos ingressos (bem mais barato).



Preço da visita guiadaAR$180 (R$50,00) 
Ingressos vendidos no local.
Horário de funcionamento: diariamente das 09h00 às 15h45.


A saída do teatro voltada para o lado contrário à 9 de Julio leva à agradável Plaza Lavalle. Ela é uma ótima alternativa para descansar um pouco da nossa caminhada.

A bela praça abriga também o Palacio de Justicia, construído na última década do século XIX em estilo greco-romano. Infelizmente não são permitidas visitas ao seu interior.



Voltando à Avenida 9 de Julio chegamos a um dos principais locais turísticos, comemorações esportivas e manifestações políticas de Buenos Aires:Obelisco.



Ele marca o cruzamento com a Corrientes e mede 67 m de altura. Foi construído em 1936 (em apenas um mês) para comemorar o 400o. aniversário da fundação da cidade. Cada uma das suas faces marca um momento histórico da cidade:


a) 1536 - Primeira fundação;
b) 1580 - Fundação definitiva;
c) 1812 - Hasteamento da bandeira nacional na igreja de San Nicolás (ficava no local, mas foi demolida);
d) 1880 - Criação da Capital Federal.


Congreso de la Nación Argentina


Para chegar na próxima atração sugerimos que você caminhe até o cruzamento com a Avenida de Mayo (600 m), pegue o metrô na estação Lima (linha A) e desça na estação Congreso. Se preferir ir a pé, a distância é de 1,6 Km.

Para efeito de localização, o prédio do Congresso e a Casa Rosada ficam em cada extremo da Avenida de Mayo. Isto foi feito para lembrar que o poder de um país pertence não somente ao Presidente, mas também ao seu povo. Ele é um dos últimos edifícios construídos no estilo greco-romano (foi inaugurado em 1906), antes da arquitetura francófona tomar o país. Foi inspirado no Capitólio norte-americano (dá pra notar, né?).


Visitas guiadasSegunda, terça, quinta e sexta-feira às 12h30 e 17h00.
Entrada pela Hipólito Yrigoyen.


Plaza de los dos Congresos também é muito bonita e vale o passeio. Ela homenageia os congressos de 1810 em Buenos Aires e de 1816 em Tucumán. Eles contribuíram significativamente para a independência do país. Um pouco mais adiante, observe uma das duas únicas réplicas do Pensador de Rodin existentes no continente americano.  


Um pouco após o final da praça, o Palácio Barollo ocupa uma posição de muito destaque. O prédio de 100 m foi encomendado em 1919 pelo milionário do algodão Luigi Barolo, italiano de nascimento e admirador ferrenho de Dante Alighieri. Os andares do palácio refletem os cem cantos do livro divididos entre inferno, purgatório e paraíso, e seus 22 andares equivalem ao número de versos por canto. A vista 360 graus do alto também é bem legal.


Avenida de Mayo

A próxima etapa da nossa caminhada percorre uma das avenidas mais emblemáticas da cidade: a Avenida de Mayo. O passeio de aproximadamente 1,2 Km revela algumas das preciosidades arquitetônicas de Buenos Aires construídas entre o final do século XIX e início do XX.


Uma destas preciosidades é sem dúvidas o Café Tortoni (não tanto pelo café e sim pela história). Ele foi inaugurado em 1858 com o mesmo nome de um boteco parisiense e já recebeu gente graúda na vida cultural da cidade, como Jorge Luís Borges, Garcia Lorca, Pirandello e até Carlos Gardel já se apresentou por lá.



Apesar de ser um pouco desconhecida dos turistas em geral, há uma bela apresentação de Tango no Café Tortoni e nós tivemos a oportunidade de conferir. Valeu muito à pena assistir a um espetáculo genuíno, sem os apetrechos hollywoodianos de algumas casas de show portenhas.



Os espectadores são acomodados no pequeno salão em mesas para quatro pessoas. Foi divertido poder conversar antes do show com outro casal amante de viagens como nós.

Preço do ingresso: AR$150 (R$41,67)
Os ingressos se esgotam rapidamente. Vale à pena dar uma passadinha horas antes do show para garantir a reserva.




Vai viajar para Buenos Aires? Então confira nossas dicas.


Não sabe em que bairro vai se hospedar? Tire aqui suas dúvidas.


Acompanhe outras publicações da nossa viagem pelo Uruguai e Argentina.



#Argentina #BuenosAires
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