sexta-feira, 29 de maio de 2015

Nosso roteiro de três dias em Montevidéu, Uruguai

Sabe aquela cidade arrumadinha, com um centro histórico bem preservado e um povo muito educado e solícito? E pra completar uma orla linda cheia de gente praticando esportes? Pois a capital de um dos nossos vizinhos é assim mesmo, e até seu trânsito é bem tranquilo para uma cidade de 1,5 milhão de habitantes. 


Hoje vamos conversar sobre Montevidéu, capital do nosso vizinho Uruguai, num roteiro de três dias que preparamos para vocês. Dá pra imaginar que ela nasceu em 1724 só pra fazer frente à Colonia del Sacramento fundada anos antes por portugueses?



Quer saber onde é melhor se hospedar? Então confira também nossa publicação de dicas para quem vai viajar para Montevidéu.


Dia 1


Vamos começar nosso passeio por uma região que é uma delícia para caminhar, seu CENTROtanto pela topologia da cidade como pela tranquilidade. A região está muito preservada, o transporte público funciona e está repleta de belos monumentos. Então é por lá que começamos, mais especificamente pela Plaza Independencia. Ela foi inaugurada em 1923 e pode ser considerada como o marco divisor entre a "Montevideo" mais antiga, conhecida como Ciudad Vieja, e o que ela tinha no século XIX de mais moderno, muito bem representado pela Av. 18 de Julio. Até os dias de hoje ela é a principal avenida do centro.

Experimente dedicar um bom tempo observando em volta a partir da estátua equestre do General José Gervásio Artigas, considerado o maior herói da independência do país. 



Logo abaixo da estátua fica o Mausoléu de ArtigasSe der sorte de encontrá-lo aberto, desça uma das escadas que ficam nas laterais da estátua. Nele ficam guardados os seus restos mortais permanentemente sob a vigilância de dois soldados incrivelmente imóveis. O monumento foi inaugurado em 1977 em plena ditadura. 

Político habilidoso, Artigas ficou famoso também pelos seus discursos para multidões, mas as suas falas não foram colocados em relevo por medo dos militares que isto incendiasse o povo contra o governo.



Voltando à praça, olhe à sua esquerda e irá ver o prédio alaranjado onde fica o Hotel Radisson. Há um restaurante aberto para almoço e jantar (e café-da-manhã se estiver hospedado) no seu topo, onde você terá uma vista bem legal da praça.



Olhando em direção à Av. 18 de Julio, você irá facilmente reconhecer o Palacio Salvo. O prédio foi construído entre os anos de 1922 e 1928 para ser um hotel, mas nunca foi inaugurado devido à crise da bolsa de Nova York no ano seguinte. Foi durante décadas o prédio mais alto da América Latina e atualmente é ocupado por apartamentos e salas comerciais. É permitida a entrada no seu saguão onde alguns painéis contam a história da sua construção.



Se você girar um pouco a vista no sentido horário, irá observar uma construção em estilo neoclássico, o Palacio Estevez, onde foi a Casa de Governo entre os anos 1880 e 1985. Há visitas ao seu interior, mas é necessário agendar previamente.

Logo ao lado está a Torre Ejecutiva, onde funciona atualmente o Gabinete da Presidência.


Olhando no sentido contrário à Av. 18 de Julio você irá encontrar a inconfundível Puerta de la Ciudadela, um dos únicos resquícios da muralha que cercava a Ciudad Vieja até 1829.



Bem pertinho da praça está o Teatro Sólis, a principal casa de espetáculo do país. Foi inaugurado em 1856 e é um orgulho para o povo Uruguaio. Abriga além do teatro, livraria, restaurante, café e sala de exposição. Há visitas guiadas de terça a domingo (quarta-feira é grátis). 


O teatro não é grandioso como o Colón de Buenos Aires, mas é muito bonito. Montevidéu tem muitos motivos para se orgulhar dele. A visita é bem divertida, pois é acompanhada por um trio de atores que encenam trechos diversos do folclore Uruguaio, e o interior do teatro vale a visita. Se possível, vá assistir a um espetáculo, pois é quando ele ganha vida de verdade.



Pegue a ruazinha na frente do teatro e entre à esquerda na Peatonal Sarandí, via exclusiva de pedestres que segue na direção contrária à Plaza Independência. Sarandí foi a batalha contra o Império do Brasil em 1825, 3 anos antes da independência deles do Brasil e da Argentina. 

A partir daqui você estará na CIUDAD VIEJA, onde Montevidéu nasceu. 

Logo adiante chegamos à praça mais antiga de Montevidéu, a Plaza Constituición, assim denominada em homenagem ao juramento à primeira Constituição da República Oriental del Uruguai feito pelo povo em 18 de julho de 1830.



A praça também é chamada de Plaza Matriz, pois é lá que fica a sua Iglesia Matriz inaugurada em 1804 e assim conhecida por ter sido a primeira igreja da cidade. Na realidade seu nome original é Iglesia de la Imaculada Concepcíon y San Felipe y Santiago (melhor chamar de Iglesia Matriz mesmo). Foi iniciada em 1790 em estilo neoclássico espanhol, em 1870 foi declarada Basílica e em 1897 virou Catedral.



O seu interior é muito bonito, apesar de sóbrio. Para nós o maior destaques foram as imagens de bispos e papas em mármore. Incrivelmente realistas. Veja se não parece que ele vai falar conosco?



Ainda na praça, encontramos o antigo prédio da administração em restauração. El Cabildo foi construído em 1804 e já abrigou várias instituições, como o Legislativo e Executivo locais. Há algumas salas abertas para visitação com diversos artefatos da história da cidade, mas meu destaque é este mapa exibido logo na entrada. Observe a localização dos pontos importantes na época que a cidade ainda era murada.



Bem pertinho da praça (Ituzaingó, 1447), encontramos o secular Café Brasileiro, fundado em 1877. É a mais antiga cafeteria de Montevidéu. Pode pedir qualquer coisa com doce de leite que é garantia de sucesso. Delícia! 

Atenção: fecha sábado e domingo.



Continue na Sarandí até o cruzamento com outra rua exclusiva de pedestres, a Perez Castellano. Entre a direita e siga em frente até sua próxima parada: o Mercado del Puerto



O prédio construído em ferro importado da Inglaterra foi inaugurado em 1868 para ser um mercado de frutas e verduras. Atualmente é o paraíso gastronômico de Montevidéu, o que significa basicamente muuuuiiiiiitas carnes, e como eles sabem prepará-las!



Se você é como nós e não entende nada dos nomes dos cortes de carne deles, aqui vai um pequeno vocabulário:
Chinchulín = intestino delgado; 
Riñones = rins;
Asado de tira = costela;
Chorizo = lingüiça;
Morcilla = lingüiça de sangue.

Pra queimar as calorias de tanta carne que você provavelmente comeu, não perca tempo e siga para o Museo del Carnaval. Que fique entre nós, mas o museu é bem simplesinho para quem está acostumado com as tradições do Carnaval Brasileiro e principalmente do Pernambucano. Vale ir para conhecer um pouco mais do Carnaval deles, pois é uma das manifestações culturais mais ricas do país. Pelo menos você irá saber que o Candombe é a música típica do carnaval uruguaio e são chamados de Comparsas os grupos que tocam o Candombe pelas ruas durante o período momesco.

Entrada: $u 60,00 (R$8,22).



Saindo do Museo del Carnaval, faça o caminho de volta e pare na Plaza Zabala. O Governo funcionou lá até 1878 num prédio que não existe mais. Ela leva o nome do fundador da cidade, Bruno Maurício de Zabala.

Nas proximidades da praça há dois museus bem interessantes: o primeiro deles é o Museo de Artes Decorativas localizado no Palacio Taranco, bem em frente à praça. O acervo é surpreendente, composto de mobiliário europeu do século XIX e início do XX. Muito bonito.


Outra atração legal da região é o Museo Histórico Nacional. Na realidade é um complexo de casas coloniais que contam um pouco da história do país. Nós fomos conhecer a sede do complexo na Casa de Rivera, residência do primeiro presidente do país.



A casa possui um interessante conjunto de artefatos sobre as batalhas e personagens envolvidos com a independência do país, mas comete um erro comum à maioria dos museus uruguaios: falta de legendas contextualizando cada peça. 



Dia 2

Vamos começar nosso segundo dia pelo Estádio Centenário, um dos maiores símbolos do esporte mais popular do país, o futebol. E o futebol uruguaio merece respeito mesmo, afinal, enquanto não temos nenhum, eles têm dois títulos olímpicos em 1924 e 1928 (por isso são conhecidos como a celeste olímpica) e dois títulos de copa do mundo, um deles no famoso maracanazo de 1950, uma das nossas maiores vergonhas futebolísticas.


O estádio parou no tempo e não possui nada que lembre uma arena moderna, mas esse não é seu grande atrativo. O que vale mais a pena sua visita é o museu. Você irá encontrar toda a história das participações do Uruguai em torneios internacionais e seus personagens mais importantes. É de primeira!

Entrada: $u 100 (R$13,70).


Se você pretende ir para Colonia del Sacramento ou Punta del Este de ônibus, aproveite a siga a pé para comprar sua passagem na Rodoviária Tres Cruces.



Nós fomos de Montevidéu para Colonia pela empresa COT (Compañia Oriental de Transporte) e ficamos muito satisfeitos, tanto pela pontualidade quanto pela qualidade dos serviços prestados. Vale acrescentar que tivemos um contratempo que nos fez perder o horário de saída do ônibus, mas a empresa remarcou para a saída seguinte sem ônus. 


Preço da passagem Montevidéu-Colonia: $u 307,00 (R$42,00). Dá desconto de 1,64% se pagar no cartão de crédito.

Próxima parada é uma importante obra comemorativa da primeira constituição do país (1830), o Obelisco a los Constituyentes. Com 40 metros de altura, o obelisco foi inaugurado em 1938 e é feito de granito rosa. Aqui começa a Av. 18 de Julio. É um belo monumento e um dos marcos da cidade.



Siga pela Av. 18 de julio até a Plaza Independencia e observe a beleza arquitetural do que era considerada no início do século 20 a Montevidéu moderna. A caminhada é um pouco longa (3,4 Km), mas vale à pena.

Bem na esquina da Calle Yi (duas ruas antes da Plaza Cagancha) você vai ver a Fuente de los cadeados. Como em tantas outras partes do mundo, é o lugar para deixar o seu cadeado preso e fazer juras de amor eterno (compre um na banca de revistas da esquina se não levou de casa) ou se faça de desapercebido se não está com a pessoa amada.

Entre à direita na Yi e irá encontrar o interessante Museo del Automóvil Eduardo Iglesias. Não ache estranho, mas ele funciona no sexto andar de um posto de combustível, onde fica também o Automóvil Club del Uruguay. 



Apesar de não ser grande e ser pouco frequentado, possui relíquias imperdíveis para os mais aficcionados, como o Ford T da foto abaixo.



Nossa próxima recomendação fica mais afastada do centro, mas possui uma vista bem legal da cidade. É a Torre de las Telecomunicaciones, também conhecida como Torre Antel (nome da empresa estatal de telecomunicações). O prédio de 35 andares (157 metros) oferece uma vista de 360 graus na altura do 26o. andar.

Nas proximidades da Torre você também poderá visitar o imponente Palácio Legislativo. É a sede da Câmara de Representantes, do Senado e da Assembléia Geral. O prédio em estilo neoclássico foi inaugurado em 1925 e é de autoria do arquiteto italiano Vittorio Meano, o mesmo do Teatro Colón e do Congresso Nacional, ambos de Buenos Aires.

Se ainda te restar tempo, visite o Cerro de Montevidéu. Sua principal atração é a vista privilegiada a 135 metros de altura e a Fortaleza General Artigas, construída entre 1809-1811 para proteger a cidade. A fortaleza abriga também um museu sobre a história militar do país.



Dia 3

Comece seu último dia na cidade em um dos seus PARQUES. Opções não vão te faltar. 

Um dos mais bonitos e que acabou virando nome de bairro é o Parque Rodó. Foi criado pelos paisagistas franceses Racine e Carlos Thays (o mesmo dos inúmeros parques de Buenos Aires). Acabou englobando outros parques, como o Laroche (Museo de Artes Plásticas) e o Franzini (estádio de futebol do Defensor e parque de diversões). Fica próximo à Playa Ramírez e engloba também o Edifício do Mercosul.

Na região do Estádio Centenário fica o Parque Batlle, outra boa opção de passeio. Possui também velódromo e pista de atletismo. Também foi idealizado por Carlos Thays.

Localizado no bairro de Carrasco, um pouco mais distante do centro, fica o Parque Rivera. O parque foi criado em 1929 pelo francês Pierre Durandeau em torno de um lago artificial. Abriga o Estádio Charrua.

Prossiga seu dia em dois dos bairros mais bonitos da cidade, POCITOS e PUNTA CARRETAS. Os bairros vizinhos possuem os melhores restaurantes da cidade e são os melhores lugares pra se hospedar. 



Se você é daqueles(as) que não resiste a um shopping center, aproveite e dê uma passadinha no maior da cidade, o Punta Carretas Shopping. Funciona numa antiga penitenciária. Há uma loja da Manos del Uruguay, onde você pode encontrar artesanato e roupas típicas do país.



Outro ponto imperdível da cidade, a Rambla é especialmente bonita entre os dois bairros. É local de prática de esportes, jogar conversa fora acompanhado do onipresente chá mate (veja a quantidade de gente carregando uma garrafinha térmica!) e principalmente curtir um dos lugares mais bonitos da cidade. Há quem diga que essa água toda é do Rio da Prata e não do Oceano Atlântico? Oficialmente a divisão entre eles é em Punta del Este.



Só pra dizer que tudo não é perfeito, não gostei do costume dos ciclistas de andarem na calçada dividindo espaço com os pedestres. Quase fomos atropelados. Fiquei me perguntando como faríamos se estivéssemos com uma criança. 

Se você se interessa pelo tema militar, irá gostar do Museo Naval. Ela faz uma explanação sobre a história náutica do país com exposição de vários artefatos, como canhões, réplicas de barcos etc. Fica localizado na Rambla Charles de Gaule, bem próximo ao nome da cidade.


Termine sua noite no lugar mais estranho que conhecemos por lá, o Castillo Pittamiglio. Ele começou a ser construído em 1910 pelo excêntrico arquiteto/engenheiro/alquimista/simbologista e sei lá mais o que Humberto Pittamiglio. Até a sua morte em 1966 ainda não tinha sido terminado (e ainda não foi). O interior do castelo é cheio de labirintos e salas repletas de figuras geométricas que trazem à tona as crenças do seu criador.



Nós compramos entrada para a Visita noturna com magia (Preço: $u 280,00 / R$38,36). Além da visita ao interior da casa, tivemos o show do mágico Alex Duval. Imperdível!


Feiras

A mais conhecida feira de Montevidéu é sem dúvida nenhuma a de Tristan Navarra. Vá se estiver por lá num dia de domingo. Começa na Calle Tristan Navarra esquina com a Av. 18 de Julio. Vende desde frutas e verduras até artesanato, livros e todo tipo de cacarecos.

Outra opção de feira típica é a que ocorre na Plaza Matriz aos sábados. Também vende cacarecos em geral, mas fique atento que acaba cedo.



Onde ficar

Nós ficamos hospedados no Palm Beach Plaza Hotel (no bairro de Pocitos) e ficamos muito satisfeitos. Reservamos pelo Booking.com. Quando escrevemos esta publicação ele tinha nota 8,5 (837 avaliações) e nossa nota foi 9,2






Confira também nossa publicação de dicas importantes para quem vai viajar para Montevidéu.

Acompanhe outras publicações da nossa viagem pelo Uruguai e Argentina.



#Uruguai #Montevidéu #Montevideo
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